Tuesday, July 26, 2016

Poema de Amor

Quando me olhas com olhos doces, cheios de ternura,
apetece-me arrancá-los, guardá-los num frasco,
num químico qualquer que lhes preserve a frescura,
porque os teus olhos são flores da planta do asco.

O aroma dos teus lindos cabelos revoltos de chocolate de leite
lembra-me a lama penhocenta de um dia de Verão chuvoso
em que a roupa cola ao corpo suado e pegajoso.
O teu cabelo, como as tuas palavras, é mais seboso que o azeite.

Tens um sorriso tão brilhante como o Sol da Primavera,
mas o Sol queima a pele até chamuscar
e até o meu coração no peito arde pois, pudera,
eu no peito nem sequer uso protector solar!

A tua voz sedutora é como fios de linho
e quando gemes deleitosa ouve-te até o vizinho.
O problema é que nunca foste de grandes gemidos, ou embaraços
e a única pessoa que te ouve gemer é quem te tem nos braços.

Abraça-me com as tuas mãos delicadas, minha ninfa despida,
enquanto eu sorrateio no teu leito uma carta de despedida.
Não uma carta grande, pois eu não tenho tempo para caridade,
bastam umas palavras tortas - "Adeus, não deixas saudade."

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