És a doença ou o sintoma?
Não faças cara de cacto
nem pose de arlequim,
se és a doença exijo a cura,
se és sintoma... deixa-te estar.
Há quanto me conheces?
Trombas de cervo e pés de peixe,
mas sempre bem vertical,
danças comigo quando não mexo
e abraças-me só no final.
Deixa-me estar,
se não dancei foi porque não quis,
a valsa era bizarra
e o salão não era euclideano
ou pelo menos não tanto como eu queria.
Euclides está morto
e tu talvez também devesses estar.
Mas já que aqui estás, ainda,
vai ver se o céu está roxo.
Se não estiver, caminha,
caminha até que ele esteja
e não te atrevas a voltar
até que um pequeno vislumbre
da mais cândida roxidão
te revele a tua fraqueza.
Deixa que essa centelha perdure,
deita mais lenha no teu carvão
e mais carvão no motor
da água de aquecer os pés.
E depois deita-te. A ti.
Pés estendidos, bem lavados,
pálpebras pintadas de roxo por dentro
e deixa-te dormir, ao relento.
Deixa-te dormir
e deixa-me estar.
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