As árvores não têm pudor na sua nudez
porque se despem para o solo agasalhar
quando neste roça o vento frio.
Na sua amarelada tez,
despem-se à beira-mar,
despem-se à beira-rio.
Todas, sim, de tronco duro,
de peito à mostra e fruto rijo -
mas não as censuro,
não as corrijo.
Despem-se lentas, mas sem sedução,
folha a folha, sem rodeios;
e porque as plantas não têm visão,
não têm medo de olhares alheios.
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