Saturday, July 15, 2017

Os Amores Mortos

Se acordássemos todos os amores mortos
Quais seriam os seus queixumes?
Diriam que morreram de malnutrição?
Traição, monotonia, falta de tesão?
Prematuros, inoportunos, consensuais
Ou, se há tal coisa, excessivamente sensuais,
De todos os amores disponíveis
No currículo do coveiro das paixões,
Não encontraríamos um insatisfeito
Com o seu estado sepultado.
Implorariam, até, cheios de fé:
Ressepulta-me!, devolve-me
Com as mãos gentis de quem segura um bebé;
Firmes, como quem colhe o ainda mal maduro grão,
Às valas solitárias, mas serenas, do chão.

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