No dia mais solarengo
Do verão mais molengão:
A Depressão refastelada,
Com uma sandes de flamengo
E uma doce pina colada,
Não de leite, mas de pressão.
De bikini e uma saia,
Numa toalha de praia;
Com óculos de lente escura
Que muito discretamente
Ocultam toda a loucura
Que reina no reino da mente.
Jaz muito discreta ali,
Furtiva no meio da gente,
E a quem a olha sorri
Com todo e cada dente
Da sua boca dourada,
Abismo cheio de nada.
Nunca vai à água banhar-se
Com medo dessas maleitas
Que dizem ditos e seitas:
Infecções, cancros, catarse,
Que podem por nós entrar
Quando levamos os pés ao mar.
Jardineira dos claustros da morte,
Arauto do solo infecundo,
Pergunto-te, rainha consorte
Dos castros sequiosos do submundo:
"Ó infertil filha de Ceres,
De mim, o que é que tu queres?"
No comments:
Post a Comment