Tuesday, July 24, 2018

Sentido proibido

Foges da vida com toda a paixão,
com todo o fogo de quem por ela luta
quando a ponta do último dedo
escorrega ainda agarrado à escarpa.
Temes este duelo cruel de uma ronda,
uma partida à melhor de um, sem handicap,
sem direito a desistir, nem qualquer escape.
Preferes deixar-te morrer
a arriscar que a felicidade
não seja tudo o que foi cantado
neste tempo e nos outros
e não seja em si mesma
diploma de proficiência na vida.

Se te deixas apenas ir morrendo
de braços caidos ao longo do corpo
porque pensas que deixar-se viver
exige mais esforço e dedicação,
ainda não te deste ao trabalho
de humedecer um dedo na boca
e de o erguer alto na tua frente,
para perceber em que sentido
vêm os ventos que empurram
cada um e todos de nós
como bonecas de trapos remendadas.

Tens medo.
Aterroriza-te a ideia de ser
quando podes simplesmente estar.
Não te censuro, não te posso censurar,
porque nem te dignas a existir.

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