Mostram-nos um caminho a talha dourada
que acaba, sem bote, frente a uma ilha.
Estendem-nos um Game Boy com meia pilha
e nele uma cassette que não contém nada.
E mais meia dúzia de palavras inspiradoras, desgastadas,
Já sem tinta, tiradas de um velho conto de fadas,
com o aroma inconfundível da naftalina
e que é só para o menino, ou só para a menina.
A lata deles não é a mesma lata onde vem toda a sacarose,
toda a falsa doçura, todo o gás que não absorvemos como nutrientes,
toda a cafeína que nos deixa exaltados, depressivos ou doentes,
conforme a percentagem, o sabor, a marca e a dose.
Não, a lata deles é outra, é vil...
É a de uma criança que constrói um castelo de areia
e culpa o irmão mais novo quando o mar o rodeia
e engole, torre a torre... Uma lata pueril.
Eles, lá na frente, no fim do rasto de lesma
que deixaram pelo chão fora, quando a idade era a mesma,
e nós, sem equilíbrio, arrastamo-nos pelo escorregadio chão...
É que já nem um lírio e um canivete nos dão!
Wednesday, May 30, 2018
Monday, May 14, 2018
Quietude espumosa sem trave de segurança -
cresces em forma de glosa como um silêncio que dança,
trazendo máscaras sem face que gritam sons mudos,
do teu ventre tudo nasce: todos os nadas e todos os tudos.
Fosse eu mais sossego e menos grito,
Com mais desapego ao corpo que habito,
Então mais máscaras dançariam.
cresces em forma de glosa como um silêncio que dança,
trazendo máscaras sem face que gritam sons mudos,
do teu ventre tudo nasce: todos os nadas e todos os tudos.
Fosse eu mais sossego e menos grito,
Com mais desapego ao corpo que habito,
Então mais máscaras dançariam.
O soterrado
Não sei mentir-te da mesma forma que minto a mim mesmo.
Os teus olhos ubíquos não me deixam,
embora dominando a arte da auto-mentira, em tempos.
Cada pequeno grão de pó da tua presença,
acumulado, deixou-me soterrado em loucura e risos fáceis.
O soterrado. O enterrado com a própria pá, que perdeu a chance de subir à superfície enquanto a terra era ainda fina e húmida.
Os teus olhos ubíquos não me deixam,
embora dominando a arte da auto-mentira, em tempos.
Cada pequeno grão de pó da tua presença,
acumulado, deixou-me soterrado em loucura e risos fáceis.
O soterrado. O enterrado com a própria pá, que perdeu a chance de subir à superfície enquanto a terra era ainda fina e húmida.
Pára de não me olhar pelas costas.
Pára de não me incomodar a estranhas horas na noite
e de não criar expectativas com palavras
encriptadas que me deixariam potencialmente confuso.
Aquela doce confusão combustível...
Esse riso mata-me e esfola-me, é gás que corrói
tudo tudo tudo pára.
Tudo pára.
Dor de barriga de criança que não quer ir à escolinha mas que não deixa de se sentir em força.
Pára de não me incomodar a estranhas horas na noite
e de não criar expectativas com palavras
encriptadas que me deixariam potencialmente confuso.
Aquela doce confusão combustível...
Esse riso mata-me e esfola-me, é gás que corrói
tudo tudo tudo pára.
Tudo pára.
Dor de barriga de criança que não quer ir à escolinha mas que não deixa de se sentir em força.
Potro
Anda, anda, pequeno potro,
Cada dois passos, três ideias.
Um puxa-te pelas rédeas
E chicoteia-te, o outro.
Não te deixam andar a trote,
E se puxares demais de forte,
Cais de frente ou de lado,
Pobre cavalito esganado.
Um dia a ferrugem, com sorte,
Comerá as podres rédeas.
Corre, nesse dia, corre para Norte
Sê mais cavalo e menos potro,
Puxa convicto, anda, parte-as!
Com sorte ainda não estejas morto.
Cada dois passos, três ideias.
Um puxa-te pelas rédeas
E chicoteia-te, o outro.
Não te deixam andar a trote,
E se puxares demais de forte,
Cais de frente ou de lado,
Pobre cavalito esganado.
Um dia a ferrugem, com sorte,
Comerá as podres rédeas.
Corre, nesse dia, corre para Norte
Sê mais cavalo e menos potro,
Puxa convicto, anda, parte-as!
Com sorte ainda não estejas morto.
Passaste no muro onde eu estava sentado,
Olhaste-me de lado, depois de frente
E, de novo, de lado.
Seguiste com atenção o movimento da minha caneta
Que eu movi como um pêndulo.
Depois de breves minutos,
Voaste, com um grito, sobre os socalcos que levam ao rio
E sobre o rio...
Adeus, amiga alada,
Nunca mais te verei
E, mesmo que te veja,
Não te saberei distinguir das outras.
Olhaste-me de lado, depois de frente
E, de novo, de lado.
Seguiste com atenção o movimento da minha caneta
Que eu movi como um pêndulo.
Depois de breves minutos,
Voaste, com um grito, sobre os socalcos que levam ao rio
E sobre o rio...
Adeus, amiga alada,
Nunca mais te verei
E, mesmo que te veja,
Não te saberei distinguir das outras.
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