Aos desertos, a chuva não faz saudade.
As dunas nunca precisaram
de plantas que as enraizassem.
Nunca necessitaram de apoios de braço
para permanecer as poltronas confortáveis
que são e sempre foram.
E os cactos,
por mais que tenham os braços erguidos,
nunca pediram abraços.
Os espinhos estão à vista de todos
para que ninguém se iluda,
para que ninguém caia na miragem
de no deserto encontrar um amigo
ou um amante para abraçar.
E os oásis
obtêm a sua água de aquíferos
tão profundos e tão intercalados
nas camadas de terra
que nunca ninguém os viu,
nunca ninguém os sonhou.
Aos desertos, a chuva não faz saudade
porque as areias não ambicionam
nunca a ser mais do que areias.
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