Aos teus pés
os homens caem
como tordos
e os tordos
caem também.
Poemas de Capa Preta
Não sou eu, são as palavras.
Tuesday, June 11, 2024
Sunday, September 3, 2023
Friday, August 18, 2023
Pastoral: Viver no Campo
João José era pastor
e namorava uma moça da cidade.
Sabia já metade do amor
mas nem metade da verdade.
e namorava uma moça da cidade.
Sabia já metade do amor
mas nem metade da verdade.
Conheceu-a um dia na vila,
à Madalena de cabelos dourados
que cheiram a camomila,
quando lá foi fazer uns recados.
Ela sorriu e trincou o lábio,
deitou-lhe um olhar penetrante.
O pastor tinha pouco de sábio
e tal olhar foi o bastante.
Convidou-a para jantar
Rojões com pimenta preta.
Tangentes ao rio, sob o luar,
Manuseou-a como carreta.
Já mais leve, já mais monge,
acariciava ele Madalena
quando o pastor ouviu ao longe
a sua cabra mais pequena.
Face longa e amuada,
olhar cheio de nada,
"Ou eu ou ela, é bem certo"
disse a musa em decreto.
João José ergueu as calças
e sem a camisola de alças
nem o chapéu de linho
apressou-se no seu caminho.
Os gritos mais e mais perto
o passo célere e aberto
até na encosta mais maldita
ver a doce e breve cabrita.
Num suspiro plácido
segurou-a nos braços.
Surtia um gelo ácido,
carne rija como cabaços.
Gemendo de medo e frio
morreu a cabra pequena
e encontrou-se à beira-rio
com a cabra da Madalena.
As minhas tripas,
apanhem-nas do chão, enfarinhem-nas e comam-nas
O que restar de mijo da minha bexiga, aproveitem-no para regar as plantas do vosso jardim
Façam pó dos meus ossos e deitem-no na fogueira para vos aquecer
Da minha pele façam um pergaminho e escrevam nele um poema com o meu sangue
O meu cérebro, mastiguem-no e cuspam-no sem o engolir.
O que restar de mijo da minha bexiga, aproveitem-no para regar as plantas do vosso jardim
Façam pó dos meus ossos e deitem-no na fogueira para vos aquecer
Da minha pele façam um pergaminho e escrevam nele um poema com o meu sangue
O meu cérebro, mastiguem-no e cuspam-no sem o engolir.
Thursday, August 3, 2023
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