Thursday, September 20, 2018

Eixo dos yy

Há dias em que me sinto mais alto do que noutros.
Não alto de altivez, nem alto de inspirado ou elevado.
Sinto-me física e objectivamente mais alto,
mais comprido...
verticalmente!
Adquiro um ponto de vantagem
que me permite olhar de cima para baixo
sem sequer estar cabisbaixo,
faz-se uma homotopia sobre mim
que deixa todas a partes do corpo no mesmo lugar:
coração com pulmões,
cérebro com cerebelo,
o pâncreas ali enfiado ao pé do intestino…
Nem sei se algum deles cresce,
ou se crescem todos.
A verdade é que estou mais alto,
o que pode significar que estou mais cheio de vazio
como o espaço que há entre as estrelas
e tão silencioso também.
Quando acordo mais alto,
é mais fácil olhar as pessoas de frente,
ou pelo menos mais natural.
Pergunto-me se todos os outros
são sempre assim tão longos
e se a sua altura também varia.
Nem sei quão alto será possível uma pessoa acordar,
ou se há um intervalo pessoal para cada um
dependendo da sua altura padrão.
Padrão o qual poderá ser uma média ou mediana,
o que se ata com outros factores
como a régua dos dias
ser discreta ou contínua…
Bolas, agora que penso nisso lembro-me de acordar mesmo alto um dia,
devia ter para aí dois metros,
ou lá perto andava…
Curioso o quão alta uma pessoa pode ser, por vezes.
Nunca tive vertigens.
Nem vertigens, nem uma vertigem sequer!
Se calhar nunca fui alto o suficiente,
o melhor é continuar a meter adubo à noite,
regar-me de manhãzinha
e fazer calistenia ao longo do dia.
Pode ser que acorde tão alto,
eventualmente,
que consiga ver todas as pessoas do mundo
ao mesmo tempo…
Glória a mim na altura,
e se chegar a ter vertigens,
lá terei que me amanhar.